Shingeki no Kyojin (Ataque dos Titãs) foi o primeiro anime/mangá que me fez sentir desespero. Já tinha experimentado medo e preocupação, mas o autor, Isayama-sensei, faz uma construção muito bem articulada entre um cenário de paz e equilíbrio colidindo com o caos e a desordem. Quando o famoso Titã Colossal faz sua primeira aparição, pensei que seria impossível que a humanidade sobrevivesse a um "monstro" tão grande. Não há nada a ser feito. Com o desenvolvimento da história, contudo, descobrimos que ele é, sim, derrotável, de longe não é o maior perigo a temer, e se tornou fonte de incontáveis memes.
- Tornou-se fonte de riso, para todos nós, leitores, que um dia o tememos. E quanto aos nossos temores no mundo "real", como podemos encará-los a ponto de um dia tornarmos eles motivo de humor? Cada um encontrará uma resposta para essa indagação, alguns por meio do desejo de sobrevivência (da nossa e daqueles que amamos), como a Mikasa, outros por meio da astúcia e articulação, como o Armin. Outros, por não aceitarem ter sua liberdade contida, principalmente pelo medo, essa é uma das lições que o protagonista, Eren nos transmite de que...
Eren, o protagonista, junto com seus amigos ensinam que há mais de uma forma de se encarar o medo. Mikasa, apesar de fisicamente ser a mais forte, não é essa a fonte de sua coragem, mas, sim, um forte desejo de sobrevivência e de proteção daqueles que ama, ainda que seja apenas pelas suas memórias. Armin é o oposto de Mikasa, ele é fraco, mas só de corpo. Sua mente e astúcia são tão eficientes quanto à habilidade daqueles que são os mais fortes, por meio de sua inteligência e firmeza de propósito, ele encara, domina e supera o medo. Nosso protagonista é dual, nos ensina que há, pelo menos, outras duas formas de lutar: uma é motivada pela raiva, uma de nossas emoções primárias, ativida quando nosso corpo é colocado em perigo e precisamos escolher entre luta ou fuga, e Eren nunca escolhe fugir, mas como consequência, acaba tendo atitudes muito impulsivas. Ao mesmo tempo, ele nos demonstra que o desejo pela liberdade, tem a mesma potência de nos levar a encarar qualquer que seja o medo. Cada um sabe do que deseja se libertar: sentimentos negativos, memórias, situações abusivas, mesmo do mundo material, e qualquer que seja o objetivo, em todos encararemos nossos medos mais profundos.
Com esses três personagens aprendi que o medo e o desepero sempre estarão presentes, mas que é possível superá-lo, por mais caótica que seja a situação, mesmo quando não me considerar forte ou sagaz o bastante, pois se carregamos, o desejo de fuga, também possuímos o de luta.
Mesmo que demore, se nos mantermos firmes, obteremos nossas vitórias. E um dia, finalmente, sermos capazes de olhar para trás e rir de como achávamos que éramos fracos, de como a fonte do nosso medo, é menor do que nossa força de combatê-lo, e assim, talvez até seremos capazes de olhar com humor para eles.
"Não importa a força daqueles que querem tirar a nossa liberdade, dar a vida por esse
propósito não é jogá-la fora. Lute, não importa o quanto o mundo seja assustador,
não importa o quanto mundo seja cruel. LUTE, LUTE, LUTE!" (Snk, vol.4, cap.14)
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